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Aluno da FPS é destaque em matéria do Jornal de Comércio


 

Mais uma vez alunos e tutores da Faculdade Pernambucana de Sáude foram destaque na imprensa. Neste domingo (19), o Jornal do Comércio abordou carência por profissionais da área de pediatria que já provocou fechamento de serviços e aumento da concorrência entre os hospitais. O estudante Diogo Cordeiro de Queiroz Soares e seu tutor Edvaldo Souza, lembram a importância do especialista e do exercício da profissão por amor e dedicação à área.

Confira a matéria na íntegra

 

Pediatras são cada vez mais disputados

SAÚDE Carência por profissionais da área já provocou fechamento de serviços e aumenta a concorrência entre os hospitais. Remuneração baixa subestima importância do especialista

A concorrência entre serviços de saúde para captar pediatras deve aumentar ainda este mês. É que a Secretaria Estadual de Saúde recebeu autorização do governo para nomear 16 profissionais do cadastro reserva do concurso de 2009. Pouco mais de uma dúzia parece coisa pequena num universo de 12 mil médicos ativos em Pernambuco. No entanto, encontrar pediatra disponível é difícil.

“Convencemos o hospital a acrescentar um terceiro pediatra plantonista. Só preenchemos até agora três das sete novas vagas”, constata João Rocha, coordenador da pediatria do Real Hospital Português de Beneficência, um dos maiores da rede privada no Recife. Há mais de um mês, outra referência no atendimento à infância, o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), aumentou salário e tenta ampliar seu quadro de pediatras, mas ainda não conseguiu preencher todas as vagas disponíveis para os fins de semana.

Nos serviços privados, conveniados a planos de saúde, emergências têm sido fechadas. Consultas marcadas também estão se tornando mais difíceis. No SUS são comuns a superlotação e plantões que param o atendimento por número insuficiente de pediatras.

O que aconteceu afinal com eles? A presidente da Sociedade Pernambucana de Pediatria, Jucille Meneses, explica que o interesse dos recém-formados por pediatria caiu gradativamente nas duas últimas décadas e não é problema só no Brasil. “O acontecimento é mundial. Estados Unidos e Europa dão bonificação a quem resolve seguir carreira de pediatra”, diz.

Além da remuneração baixa em relação a outras especialidades, a pediatria foi se tornando menos atraente pelas especificidades e novas leis de mercado. “A consulta da pediatria é demorada, mais elaborada. O diagnóstico da criança é feito a partir do relato dos pais e do exame clínico. Além disso, é preciso educar a mãe”, explica Jucille. Essa realidade perde feio para o apelo das novas tecnologias, que garantem melhor remuneração e tempo mais livre para os profissionais.

Embora a rede pública, que atende mais de 90% da população, seja a primeira a sentir os efeitos da falta de pediatras, ela tem se tornado a preferência deles, comparada à jornada de consultas, por convênio, com valor entre R$ 20 e R$ 40.

A expectativa, no entanto, é que o cenário se modifique um pouco. A procura por vagas de residência médica ainda é pequena e chega a sobrar vagas em algumas instituições, mas foi pior há três anos.

Para a Sociedade de Pediatria, além da revisão de salários e tabelas, é preciso que haja um movimento do corpo docente nas universidades em favor da valorização da pediatria.

A afinidade dos doutores com a criança

Doutor João Rocha, 76 anos, 53 como médico, professor aposentado de pediatria, ainda mantém o consultório aberto. Clientes novos e muita gente grande ainda o consulta. Ele é de um tempo em que o pediatra era o médico da família e para toda a vida. Continua sendo procurado por muitos que já superaram a infância e a adolescência.

“Antigamente, fazia-se pediatria por amor à arte. A clínica pediátrica era atraente. Hoje o médico se forma pensando na sua sobrevivência e qualidade de vida”, constata.

O médico experiente preocupa-se com o futuro da infância sem pediatras. “Para onde nós vamos?”, indaga, mostrando que grande parte da população é composta por crianças e adolescentes, faixas etárias que devem receber cuidados da especialidade médica.

A pediatria não cuida só de doença. Faz prevenção e acompanha todo o crescimento do ser. “É uma clínica-geral aplicada a várias faixas etárias, com peculiaridades diferentes”, diz.

Essas peculiaridades fazem Diogo Cordeiro de Queiroz Soares, 23 anos, aluno da Faculdade Pernambucana de Saúde, a ter interesse pela saúde infantil. Ele está no 5º ano do curso e decidido a cuidar de crianças, fazer pesquisa e ensinar.

Filho de um corretor de seguros e de uma artista plástica, Diogo já dizia aos 8 anos que queria ser pediatra. Embora os colegas de hoje evitem pediatria em razão da baixa remuneração e da ocupação excessiva (“pais do paciente ligando a toda hora”), ele não se incomoda. “O mais importante é ter convicção da escolha, sentir prazer no que faz”, alega.

Mas Diogo é exceção. O pediatra e imunologista Edvaldo Souza, professor dele, com mais de 20 anos de experiência na clínica, lembra que na sua época a pediatria era concorrida. “Pelo menos um terço da turma se interessava”.

Bernadete Antunes, coordenadora da graduação da Faculdade de Ciências Médicas da UPE, acredita que o capitalismo tem a ver com a crise da pediatria. “Há muitas pressões e o SUS deve ajudar a regular a formação e a atividade”, sugere.

 

Fonte: Jornal do Comércio